OFICINA DA RIN #4- Não seja um jumento na frente da carroça, seja um cavalo (vai dar namoro sound effects)
Não atravesse a rua pensando “Ele tá me vendo, não é nem doido”.
Esse é mais um episódio da Oficina da Rin, ou seja, o WORKSHOP DE POBRE.
Nós finalizamos duas etapas, então agora vamos justamente para a terceira. Porém, ainda não saímos da fase de pré-produção, apesar de essa ser a última fase desse momento em específico (amém). Depois de executar a pré-produção, logo não nos restará nada além de desenvolver o texto propriamente dito.
(Só que dessa vez vai ser mais fácil, pois terá todas as ferramentas nas mãos! *Sério, não é para enfiar no rabo não*)
Enfim, vamos lá para a… PRÉ-PRODUÇÃO FINAL *final final final (eco)*
Bem, se fosse para resumir essa fase em uma palavra, com certeza seria: Roteirização. Fazer um roteiro não é uma das coisas mais fáceis, mas é algo vital para se criar algo conciso. Lembre-se que nenhum esforço aqui é jogado fora, tudo vai te ajudar.
Essa roteirização vai fazer com que pegue todos aqueles arcos e links da etapa passada, finalmente os trabalhando, podendo estabelecer o começo, meio e fim dos capítulos, através também das montagens de cenas.
Ao montar um capítulo, você vai dividi-los por cenas. E nessa divisão vai se criando uma corrente de acontecimentos, logo pense no local da cena, os personagens que irão aparecer e as informações a serem passadas naquele momento.
Novamente acho que cabe o grande lembrete de todas as oficinas: PESQUISEM! Vão atrás de imagens para se inspirarem sejam lugares, roupas, etc. Isso vai facilitar na hora de descrever, principalmente para quem tem essa dificuldade. Às vezes o cenário ajuda a contar a história, mesmo ela sendo totalmente character-driven (termo explicado em oficina anterior). Fora que, com a divisão, tendo o lugar especificado da cena, você pode explorar melhor o lugar e dar atenção a mais detalhes, seja sobre algum objeto ou alguém. Tudo pode se tornar mais vivo.
E o mais importante da divisão é: Você não faz cena de graça.
Sério, a pessoa que está lendo não é besta, ela muito provavelmente quer sim ler momentos bobos aleatórios, pois eles são importantes para demonstrar um laço sendo formado entre personagens e dinâmicas, por exemplo. Mas não faça cena com momentos bobos aleatórios que só gastem seus recursos e deem uma sensação de “não acontece nada, feijoada”. Ofereçam cenas aonde a pessoa lendo terá consciência de aquele momento está as direcionando para algo mais.
Prendam a atenção de quem lê!
Enfim, o exemplo mais simples de roteirização (a Flay com a foto do “mais um roteiro nascendo”):
Obs: O nome do capítulo pode ser colocado ao final, não esquentem com isso, mas se já tiver, podem colocar. No geral, pensem em um bom nome que possa chamar atenção caso queira título.
E o capítulo um é muito importante. Sabe quando vamos ver uma série e o primeiro episódio se chama “piloto”? Todo episódio precisa de um começo meio e fim, mas no piloto isso tem que ser ainda mais levado a sério, pois é nele que a ideia é vendida, a ideia principal. Por isso pense direito no primeiro capítulo de forma que ele consiga prender a atenção de alguém (o uso de cliffhangers em capítulos iniciais é clássico!) e ainda demonstre um pouco da premissa principal.
Acho que essa é uma das maiores receitas de bolo envolvendo primeiros capítulos.
O primeiro sempre é o mais complicado, pois é apresentação dos personagens principais (não precisa ser todo mundo logo de cara), ambientação, servir um clímax, um cliffhanger de praxe, então é um capítulo que merece muita atenção. Lembre-se, é o primeiro contato de alguém com a sua história, então tem que servir o necessário para que criem interesse pelo restante!
Já nos outros capítulos se pode usar outros tipos de estrutura, usando dos artifícios (cliffhanger, por exemplo) quando necessário a depender da história que irá contar, dos arcos, etc.
Por exemplo, eu gosto muito de usar um tipo de estrutura não-ocidental chamado Kishotenketsu, um estilo originário da China, que depois passou pela Coreia, enfim ao Japão. É basicamente um método aonde algo novo é apresentado naquele capítulo, então o clímax acontece já na metade e, ao final, temos uma conclusão, ou seja, não necessariamente precisa de cliffhanger.
Eu acho uma forma muito interessante de se estruturar uma história, bem sucinta e efetiva, podendo ser usada em qualquer modelo. Recomendo iniciar o uso dela aos poucos, começando com one-shots:
1: Introdução com aparição de personagens, local, e as informações importantes para a narrativa
2: Nada de muito importante, mas que vai caminhando para o clímax.
3: Nova informação do lore aparece. Finalmente o clímax.
4: Conclusão.
Tem várias maneiras de se contar uma história, não hesitem em pesquisar.
Enfim, é muito importante colocar observações nessa fase. Muitas das observações gerais já vão estar no bloco de notas (experiência própria) que ficam suas ideias, então só vai organizar aquilo a ficar nesse capítulo e ir separando os pontos que vão para os outros.
Continuando, você vai montando as cenas e coloca as suas observações que também surgirem na sua mente. Seja uma vestimenta, um objeto que precisa aparecer, ideia para foreshadowing. Pode encher de observação mesmo.
Agora, algo que particularmente gosto de fazer é trabalhar com os meus chamados checkpoints. Ou seja, eu separo um espaço para colocar as situações mais importantes e o tópico(s) central(is) do capítulo. Selecionar o que eu quero comunicar.
Isso ajuda muito em qualquer história, em mistério então… Puta mierda!
E é inevitável que com isso você consiga escrever uma história muito mais consistente, organizada, vai facilitar seu fluxo de pensamento tanto no geral, quanto nos ganchos e estruturas de forma bem mais individualizada. De forma que se entenda um começo, meio e fim desde sempre.
Assim você respeita sua própria história e também quem está lendo.
Então agora vem mais um tópico que acho melhor abordar agora, para finalizar: PRÓLOGOS
Particularmente, eu prefiro iniciar com prólogo. A criação do prólogo alivia mais o fardo do primeiro capítulo, fazendo com que aborde algo relacionado à premissa, mas não necessariamente já introduzindo seus personagens principais. É uma forma muito eficaz de prender alguém, pois mesmo que o primeiro capítulo seja um pouco mais morno, o prólogo já deixou claro sobre algo muito maior vindo lá na frente.
Um exemplo bem escrachado é encontrado em slashers (Natal Negro, Pânico, Halloween, etc). Na maioria das vezes, a história começa com um terceiro que justamente vai introduzir um pouco a ambientação, então vai ser perseguido, consequentemente assassinado. Depois disso é que o dia amanhece e nós acompanhamos as rotinas dos personagens principais da história. Pois é, é a chance de mostrar o potencial da premissa!
Vale a pena pensar no prólogo!
Então ficamos por aqui, espero que tenham gostado, qualquer coisa podem me chamar nas redes para dúvidas extras ou tópicos específicos.
Agora pode ir. Seu pneu foi trocado, qualquer coisa a Oficina da Rin está a disposição.